Gerenciamento de Riscos: ser prospectivo, apesar das informações incompletas

Comentar o passado é sempre mais fácil que decidir o futuro.

E mesmo assim, nem sempre consideramos todas informações relevantes. Algumas por sua ausência (número 1 da figura), outras pelo seu excesso, dificultando nossa triagem para darmos a devida importância àquelas que deveríamos nos atentar. Do passado, a única certeza é o caminho traçado, pois aqueles deixados de lado são apenas descartados sem serem efetivamente percorridos, transformando-se em meras conjecturas (o famoso SE …).

Monitorar acontecimentos relevantes no presente também é desafiador: múltiplos eventos simultâneos, conhecidos (2) ou desconhecidos (3), afetando-nos direta e indiretamente com infinitas relações de causa e efeito em diversos graus de impacto.
Além das fontes internas da organização e exceto informações sigilosas não distribuídas pelas próprias fontes que as detém, a internet derruba quaisquer limitações de cronologia, distância e quantidade de dados, mas nem sempre isentas e nem de boa qualidade (as ‘fake news’).

Nossa atual limitação é outra: passou a ser o tempo para selecionar e absorver tamanha base de informações. Ao aplicar o filtro conforme nossas conveniências e convicções, compreensível, limitamos em algum grau nossa formação de opinião. E hoje, essa tendência ainda mais amplificada pela inteligência artificial presente nos aplicativos sociais de onde recebemos boa parte dessas informações, canalizando conteúdo em função de nossas próprias preferências de acesso, podendo criar um círculo vicioso de auto radicalização.

Com tais dificuldades, desenhar cenários futuros (4) baseados, não apenas, mas também no conhecimento adquirido (5) e escolher quais considerar são os desafios típicos do gerenciamento de riscos, uma vez que a moderna definição é adotar uma postura prospectiva e não meramente reativa.

O cenário atual é didático em relação ao que não foi feito. Mas criticá-lo é fácil. Eu mesmo individualmente não imaginava aquelas notícias na longínqua Wuhan afetarem tanto nosso dia a dia três meses depois. A dificuldade que temos em decidir ou dar a proporcional importância daqui para frente é a mesma que foi há três meses atrás. A diferença é que do passado, eventos materializados assumiram 100% de probabilidade de ocorrência, tornando as demais alternativas zeradas, ficando fácil descarta-las e ‘predizer retroativamente’ qual deveria ter sido a melhor decisão.

Olhando para a frente, não temos a bola de cristal para zerar a probabilidade de cenário algum para apostar todas as fichas num único cenário remanescente, antecipando o que lá na frente vai se transformar no ‘estava na cara’. Esse é o motivo da acalorada discussão, pois havendo certeza no futuro, não haveria o que ser discutido.

Hoje, em menor ou maior grau, todos estamos praticando gerenciamento de risco.

Um bom fim de semana a todos

Yoshio Hada

Sócio administrador da B3Bee Consultoria e Sistemas, licenciando sistemas de automação em conversão de layouts (exportação de arquivos para matriz internacional e geração de demonstrações financeiras), controle de prazos e limites regulatórios para instituições financeiras.

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