Ikigai: separe o que é hobby do que é carreira ou empreendimento. Termo de origem japonesa, auxilia a definir o propósito de vida nos vários aspectos pessoais e profissionais através do autoconhecimento. Compartilharemos uma breve reflexão sob ótica profissional, pois talvez parte do que você gostaria de exercer como profissão teria um papel melhor como hobby, ao menos num primeiro momento, ou vice-versa, podendo ou não evoluir gradativamente na opção inversa ao longo da vida.
Desde a seleção de carreira para prosseguir nos estudos, após uma demissão, na intenção de abrir um empreendimento ou após um ‘burnout’, elegemos alguns fatores prioritários para tomada de decisão: gostos pessoais, talentos naturais, rentabilidade e perspectivas de crescimento.
Dentre várias, cito quatro grandes dificuldades: limitar o leque de opções, considerar disciplina além da motivação inicial, quais fatores priorizar e a quantidade de pistas do caminho escolhido.
Limitar o leque de opções
Baseado em poucos fatores, tendemos a acreditar que podemos tudo. Acredito realmente na capacidade de crescer na direção que desejarmos. Mas, em geral, a intenção e o pensamento possuem uma capacidade infinita de mudanças que o mundo físico não permite e não consegue acompanhar. Daí o exercício do livre arbítrio é uma aprendizagem para a vida toda. Enquanto no mundo das ideias, na falta de profundidade sobre as opções, corremos o risco de minimizar desafios e maximizar resultados. Isso se já não bastasse a imprevisibilidade do futuro, cujas variáveis do passado de onde baseamos algumas premissas podem se alterar ao longo da execução de qualquer projeto.
Considerar disciplina além da motivação inicial
Para concretização dos planos da motivação, sua realização exigirá o preço da disciplina e resiliência, muitas vezes não avaliado no momento anterior das escolhas. Se a inspiração inicial infla sonhos, a execução do dia a dia cobrará resiliência em algum nível, maior ou menor para cada caso: não conhecemos sua intensidade, mas temos certeza de sua presença. Muitas vezes a disciplina e resiliência necessária são simplesmente desconhecidas e nem sempre irresponsavelmente desconsideradas, o que pode ocorrer também de forma simultânea ou alternada. E para tê-las, não basta apenas o racional e nem apenas o emocional. Na verdade, ambas são importantes e conhecer seus limites antecipadamente ajudará no processo de prévia seleção dos rumos da vida.
Quais fatores priorizar
Todas as decisões que tomamos visam ações imediatas para o presente ou planejadas para o futuro, e certamente com consequências também para o futuro: nunca para o passado. Do passado, acumulamos conhecimento por experiências próprias ou alheias: o primeiro possui o mérito de dosarmos o quanto cada evento nos afeta de forma positiva ou negativa, e o segundo possui o mérito de ampliarmos nossa percepção a partir de relatos de outras pessoas, lugares e épocas provenientes desse mundo tão repleto de informações que dificilmente conseguiremos experenciar tudo isso numa só vida. No desempate de resultados e meios de consegui-los tão diversos, elegemos fatores numa escala de prioridades que cabe a cada um definir: isto é um dos aspectos do autoconhecimento.
Quantidade de pistas do caminho escolhido
Adeptos ou não da reencarnação e/ou vida pós-morte, é consenso de todos que nessa vida terrena temos limites físicos para nossa evolução com sensações experenciadas de só um corpo físico e 24 horas por dia de uma vida material cujo prazo desconhecemos. Assim, só conseguiremos trilhar um dos caminhos possíveis. Esse caminho até pode ter várias pistas paralelas, na medida que podemos atuar e exercer não apenas uma habilidade, mas um conjunto delas simultaneamente ou alternando ao longo da jornada (atuar com um perfil multipotencial). Certamente não é possível trilhar um caminho paralelo. Esse caminho paralelo não selecionado será mera especulação: a certeza reside apenas no caminho já percorrido.
Ikigai
A mais recente oportunidade que me deparei com o Ikigai foi por meio de minha filha @Cinthia que se aprofundou nesse assunto e ofereceu mentoria, a quem também devo contato sobre o tema multipotencial. Há vasto material na web, livros e cursos, mas compartilho mais um ponto de vista de que essa ferramenta une os quatro tópicos anteriormente abordados, conforme figura abaixo:
Quem lembrar da teoria dos conjuntos terá facilidade em entender as intersecções promovidas pelos conjuntos (em verde), em sentido horário, ‘O que se ama fazer’, ‘O que o mundo precisa’, ‘O que pagam para fazer’ e ‘O que posso fazer bem’, onde suas respectivas intersecções aos pares (em azul) potencializam-se em missão, vocação, profissão e paixão, culminando com a intersecção completa entre os quatro conjuntos (em vermelho) que é o Ikigai: todos esses fatores de gostos, viabilidade econômica e talentos combinados definem seu propósito factível e diferencial pelo qual está nesse Universo no momento em que está sendo feita a análise.
Autoconhecimento
Podemos compreender a figura e classificar nossas qualidades, gostos e talentos de forma intuitiva, pois é essencialmente pessoal, cuja combinação será dificilmente reproduzida entre as pessoas. Mas ao preenchermos de forma escrita ou ‘a sós’, existe um viés de nossas respostas serem ‘maquiadas’, politicamente corretas e filtradas pelo consciente. Numa mentoria, ao ser questionado e aprofundado a partir de nossas respostas em tempo real, percorre-se os caminhos do inconsciente, onde muitas vezes a essência floresce de forma que nem nós mesmos admitíamos ou lembrávamos. Obviamente, numa crescente, esse autoconhecimento exige algumas rodadas de melhoria contínua e refinamento, tanto sendo feita ‘a sós’ como com auxílio externo. E muitas vezes eles podem se alterar com o passar de um tempo depois.
Pesquisa e planejamento
Se o autoconhecimento exige coragem de extrair suas mais profundas fraquezas e fortalezas do inconsciente, a outra ponta das respostas exigirá disciplina e pragmatismo no tocante à viabilidade econômica de seu projeto, seja no sentido da carreira ou do empreendedorismo. Sua experiência passada será um aliado na medida que o caminho escolhido seja semelhante, aproximado ou minimamente análogo em alguns aspectos ao já percorrido. Não o sendo, coletar o máximo de informações e filtrar aquelas úteis daquelas que são meras especulações, tanto na supervalorização como na desvalorização do projeto. Mesmo assim, basear-se no passado não é suficiente, pois em geral, financeiramente sempre decidimos ações visando resultado futuros, e tal como o jargão dos fundos de investimentos, ‘desempenho passado não é certeza de desempenho futuro’, a economia, a carreira, produtos e serviços atualmente possuem um ciclo de vida cada vez mais curto, então cabe também traçar cenários futuros.
Mais aprofundamento
Enfim, cada item permite descer mais um nível de aprofundamento, que poderá ser matéria para um próximo artigo. Mas resumidamente, num ponto de vista diferente, refletimos sobre a ferramenta do Ikigai permitir organizarmos alguns fatores determinantes para nossas escolhas profissionais: limitar o leque de opções, considerar disciplina além da motivação inicial, quais fatores priorizar e a quantidade de pistas do caminho escolhido.
Essa e outras publicações com nossa experiência no tema empreendedorismo em https://www.b3bee.com.br/site/category/emp/.
Yoshio Hada
Sócio administrador da B3Bee Consultoria e Sistemas, licenciando sistemas dos dados abertos (Demonstrações Financeiras, Pilar 3 e Canais de Atendimento), CADOC’s (DLI 2062, COS 40XX, 5011, ETF 80XX, DF 9011/9061, SVR 9800, ESG 2030, RCP 4076), FGC405, conversão de layouts (ETL), controle de limites, calendário de obrigações (envio de arquivos regulatórios ou rotinas administrativas), validação e envio de CADOCs.
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