Atraso nos prazos? Falta qualidade? Assim começam os desafios do protagonista do livro ‘A Meta’, do autor Eliyahu Goldratt. Aborda a teoria das restrições num formato de storytelling, muito antes desse próprio termo ser popularizado.
Aqui usarei o termo ‘gargalo’ no lugar de ‘restrição’. ‘Beber no gargalo’ é um termo bem conhecido nos meios etílicos. A definição de gargalo é ‘estreitamento no diâmetro de uma garrafa ou outra vasilha, por onde escoa o líquido que está em seu interior’. Dessa ideia de estreitamento para reduzir o fluxo do líquido, o termo foi transportado para uso similar como empecilho e dificuldade. E qual linha de produção ou fluxo de processos não possui seu gargalo?
O sucesso do livro rendeu muitos resumos escritos e em vídeos disponíveis na Web. Há uma versão antiga desse vídeo (repare no telefone ‘tijolão’ e veículos) reproduzindo o livro. Seu acabamento não se compara às produções atuais. É resumido perdendo alguns detalhes, mas segue o roteiro do livro. Nossa intenção original era apenas recomendá-lo, mas acabamos gerando esse breve artigo. Se você irá ler o livro, seguem as reflexões abaixo como estímulo para sua leitura. Se irá assistir ao vídeo também como entretenimento, sugiro assisti-lo antes de nosso artigo.
Gargalos móveis
Os gargalos são móveis dentro de sua linha de produção ou fluxo de processos. Ao eliminar o pior gargalo, o penúltimo passará a ser o pior, ou outros gargalos serão criados por sua eliminação. Sua gestão deve ser tempestiva e contínua numa melhoria contínua dos processos.
Efeitos no prazo total na parada do gargalo
Além disso, quando um gargalo para e retorna a operar acelerando para ‘tirar o atraso’, às vezes as demais etapas não conseguirão acelerar na mesma medida, acrescentando o tempo de parada do gargalo no tempo total da produção e consequente prazo de entrega. A velocidade da produção é ditada por seu pior gargalo.
Como identificar gargalos
No vídeo não fica muito claro esse detalhe do livro, mas na ausência de indicadores no início, as consolidações contábeis foram o ponto inicial de pesquisa e identificação, tanto que o contador era parte integrante da comissão que ajudou seu gestor nessa crise. Depois novos indicadores foram sendo criados na medida em que houve refinamento do processo de gestão. Não há outra opção senão coletar informações e decidir baseado em ‘preto no branco’ na maioria das variáveis internas.
Controle de qualidade ao longo da linha
Tendo um gargalo conhecido, não faz sentido ele tratar itens já danificados que possam ser rejeitados depois, sugerindo um ponto de controle de qualidade anterior ao gargalo. Melhoria contínua na gestão para apoiar a melhoria contínua dos processos.
Criatividade não é linear
‘Insights’ obtidos até liderando uma caminhada de escoteiros do livro representa bem nosso processo criativo e solução de problemas, muitas vezes em momentos de aparente ‘desligamento’ do assunto. Às vezes o foco dedicado no nível consciente não permite abrir opções tanto como a liberdade existente no subconsciente. Quantas vezes não temos boas ideias no lazer, papeando sobre assuntos aleatórios, ‘desabafando’ sobre a própria questão, tomando banho, meditando ou no ápice da privacidade: o vaso sanitário.
E qual é a meta?
Lembrando que estamos tratando o assunto para uma corporação privada, a empresa havia investido em robôs e melhoria de eficiência e aumento da capacidade. Mas não reduziu custo, não reduziu estoque, não aumentou vendas e nem lucros. Eficiência não é eficácia e só atingindo a meta justifica correr todos riscos de um empreendimento.
Yoshio Hada
Sócio administrador da B3Bee Consultoria e Sistemas, licenciando sistemas de automação em conversão de layouts (exportação de arquivos para matriz internacional ou arquivos específicos e geração de demonstrações financeiras), controle de prazos de rotinas administrativas ou prazos do envio de arquivos regulatórios.
Links
Vídeo ‘A Meta’: https://www.youtube.com/watch?v=m2CIa5JTsSI